E aí, pessoal! Espero que tenham passado bem nas últimas semanas! Vamos lá para mais uma edição da newsletter:
Estou lendo o livro "Todas as Aventuras Marvel" de Douglas Wolk, um cara que leu todas, mas todas mesmo, as HQs da Marvel desde o Quarteto Fantástico número 1 de 1961 até a publicação mais recente da editora em 2017. São mais de 27 mil revistas! É insano, mas também a fantasia de todo leitor completista.
Exceto pelo fato de que o livro de Wolk vem com algo que ele diz ser a cura para o completismo, essa obsessão que tantos de nós, que lemos quadrinhos, ficamos por querer ler cada pedacinho dos nossos universos fictícios prediletos.
Nos capítulos introdutórios, ele fala sobre cronologia e faz a distinção entre 3 tipos: a cronologia de publicação (a ordem em que as revistas foram publicadas); a cronologia narrativa (a ordem em que os eventos ocorrem dentro do universo fictício) e a cronologia da ordem em que você lê as histórias.
Ele dá preferência para a terceira e isso ressoou comigo, levando-me de volta para a época em que eu fuçava em sebos e levava para casa gibis aleatórios, sem me preocupar se estava lendo a terceira parte de uma história de sete partes.
Depois, crescido, passei a só querer ler histórias completas e fiquei com várias revistas acumuladas que não pego para ler porque estou à espera das partes anteriores - uma expectativa não muito realista e que, a longo prazo, mais te impede de ler quadrinhos do que rende algum benefício.
A forma como Wolk escreveu a respeito, de ler aquele pedacinho de história, supondo o que veio antes e sem se preocupar muito com o que vem depois, renovou meu interesse por ler gibis aleatórios, dessa maneira mais solta! Tem sido bem legal e até foi motivação para dar uma organizada nas revistas.
Enquanto faço afazeres domésticos, tenho escutado o canal do quadrinista Tom Scioli, particularmente sua série "New Gods Sunday School", na qual ele comenta os quadrinhos do Quarto Mundo escritos por Jack Kirby, que são os favoritos de Scioli.
O Quarto Mundo engloba os quadrinhos que Jack Kirby fez para a DC Comics nos anos 70, depois de anos sendo identificado como o principal artista da Marvel. Foi um grande triunfo para a DC, que anunciava sua chegada com "KIRBY IS COMING!".
Ele teve uma boa liberdade para botar para fora suas ideias sem Stan Lee colocando falas em seus balões. Kirby escreveu e ilustrou quatro séries que se interconectam: "Superman's Pal Jimmy Olsen", "O Povo da Eternidade", "Senhor Milagre" e "Os Novos Deuses", carro-chefe da coisa toda.
Kirby desenvolveu a mistura de fantasia, ficção-científica, misticismo, religião e super-heróis que se insinuava no seu trabalho na Marvel e levou para novos patamares. São alguns dos quadrinhos mais repletos de ideias e mais divertidos que já li, ainda que precise estar na vibe adequada para ler o diálogo, que tem o jeitão dramático típico de um quadrinho da Era de Prata dos quadrinhos de super-heróis.
Eventualmente, as vendas se revelaram abaixo do esperado e a lua de mel com a DC azedou, encurtando a história do Quarto Mundo. Isso não significa que a DC não continuou usando vários conceitos e personagens que nasceram nesses quadrinhos, como Darkseid e as caixas-maternas, que ainda estariam em filmes e games anos mais tarde. Era inevitável, já que Kirby introduzia algo novo o tempo todo e eles poderiam criar spin-offs em cima de cada edição se assim quisessem.
Os vídeos de Scioli são muito legais porque são como as faixas de comentários de diretores de DVDs, só que com os quadrinhos, que ele vai lendo, fazendo as vozes e tecendo comentários quase que quadrinho por quadrinho.
É sempre muito legal ver gente bem entendida e apaixonada por algo falando sobre seus favoritos e é isso que Tom Scioli entrega. Sua admiração por Kirby é bem sincera - dá para ver a revolta dele quando ele menciona a forma como o arte-finalista, Vince Coletta, estragou a arte de Kirby em vários pontos.
Aliás, tem um vídeo bem legal do Comic Tropes sobre esse assunto:
Por sinal, já é notícia velha mas o filme dos Novos Deuses foi cancelado e provavelmente isso foi para melhor.
Mas alguém apontou que Zac Efron em "The Iron Claw" está bem parecido com o Orion e concordo totalmente.
Se quiserem retomar a produção do filme dos Novos Deuses, colocando ele no elenco já seria uma demonstração de boa fé!
Não lembro agora o que eu estava procurando sobre os Ramones, mas esbarrei nesse site chamado Ramones Heaven que existe desde 1995 e é atualizado até hoje. O dono se chama Jari-Pekka Laitio-Ramone e é, claro, um superfã.
Acho sensacional encontrar sites antigos no ar, que dirá ainda recebendo atualizações!
Tenho um fascínio por esses sites de fãs, algo que era muito comum na internet antigamente mas que não se manteve quando vieram as redes sociais, que levaram embora a necessidade de sites pessoais e, consequentemente, a cultura que existiam ao redor deles.
Ainda falando sobre Ramones (não quero parecer que estou zoando ninguém, até porque tudo indica que estou sofrendo do mesmo problema) mas se existiam dúvidas sobre Marky Ramone usar peruca, eu não tenho mais depois de ver essa foto dele ao lado de seu irmão gêmeo:
"Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo" tem o mesmo problema que acomete vários documentários musicais, o de focar mais no impacto e na influência do grupo/músico do que nos bastidores, que é o que eu particularmente acho mais interessante.
Alguns dos envolvidos no começo do grupo aparecem dando depoimentos por meros segundos, sendo que com certeza devem ser trechos de entrevistas de pelo menos meia hora de causos que poderiam dar uma visão mais rica do lado humano do grupo.
Já tive a mesma decepção com vários documentários de Rock, mas no Hip Hop, que tem uma relativa escassez de filmes contando as histórias de seus músicos, isso é ainda mais lamentável.
Demorei para começar a assistir X-Men 97 - ainda não estava assistindo quando você me perguntou, Leon, mas de lá pra cá fiquei em dia!
Tem sido legal - isto é, quando não está sendo massivamente deprimente... :/
Curti que a série animada assume o lado novelão melodramático comum em super-heróis, especialmente nos mutantes da Marvel, sem medo de parecer ridículo - algo que filmes de heróis em geral hesitam em entregarem!
Quero ser otimista e esperar que a boa recepção da série animada exerça alguma influência nos rumos da Marvel no cinema. Quem sabe? Emoções exageradas, demonstrações de poderes sem preocupações com leis da física e roupas coloridas!
Será que posso ousar ficar empolgado pelo filme do Quarteto Fantástico, que promete focar no aspecto família do grupo e também parece não estar fazendo tantas concessões?
Não lembro do último filme Marvel ou DC que me divertiu como os quadrinhos amarelados que estou revirando aqui em casa e talvez para mim seja melhor focar neles mesmo! :D
O próximo vídeo será sobre a origem do Wolverine, no qual vou também falar da polêmica recente do editor Roy Thomas querendo crédito como co-criador por ter sugerido a criação de um herói canadense enfezado com o nome de carcaju. E tem outras controvérsias ao redor dessa criação, incluindo a estranha coincidência do leitor da Marvel que mandou um personagem chamado Wolverine alguns anos antes da primeira aparição de Logan...
Muito obrigado pelo apoio! Um abraço e até uma próxima!
Quem diria que eu demoraria tanto pra ler essa edição, hahaha. Posso garantir que vou demorar ainda mais para assistir ao X-Men 97. Não vi toda a série original e me parece errado ver a continuação sem maratonar o clássico primeiro.
Algo que me chama muito a atenção no seu Newsletter é a parte relacionada a música. O YouTube trás tantas restrições com relação a direitos autorais de músicas que até aqui, um site de texto, permite uma abordagem muito mais livre. Gosto muito das suas opiniões sobre músicas e bandas, também sempre conheço algo novo a esse respeito. Pena que no YouTube fica bem mais complicado trazer esse tipo de conteúdo.
Se libertar do lance complecionista também foi a melhor coisa q me aconteceu como leitor de quadrinhos hah. E em quadrinho americano é algo q faz mto sentido mesmo, pq são tantos autores e tanto tempo que é difícil esperar alguma continuidade de fato entre as histórias, mesmo a personalidade dos personagens acaba não tendo tanta continuidade assim